FATOS PITORESCOS
FATOS PITORESCOS

 

O triste destino que teve o cadáver de Slieperer

 

Profanação de cadáverNo dia 16 de março, quatro brasileiros da vizinha Freguesia de Parati trouxeram, de canoa, o corpo de Jörgen Nielsen Slieperer, colono norueguês antigamente aqui residente e que há vários anos tinha se mudado para aquela freguesia. Slieperer faleceu no dia 14. Os quatro brasileiros, ao chegarem ao porto local, sem mais desembarcaram o corpo, precariamente colocado dentro de um caixote e já em adiantado estado de decomposição, tirando-o de dentro dele, pois insistiam em levar de volta o caixote. Queriam deixar o cadáver no rancho aberto que serve de depósito no porto. Enquanto isso, um deles levou à subdelegacia local uma carta do subdelegado de Parati, na qual este comunicava que tinha ordenado o translado do cadáver de Slieperer para a Colônia porque o padre católico de Parati recusava-se a sepultá-lo no cemitério local, por ter sido Slieperer um Herrnhuter [1] . O subdelegado local ordenou imediatamente uma necrópsia, porque o rosto de Slieperer apresentava marcas de violência, sem que no entanto se confirmassem as suspeitas. Como não havia outro caixão disponível, os brasileiros foram obrigados a levar o cadáver dentro do caixote, que aliás era pequeno e tinha a tampa precariamente amarrada para poder ser fechado, ao cemitério local. Também aqui quiseram tirar o cadáver de dentro do caixote, visto quererem a todo custo levá-lo consigo. Dito caixote era o caixão comunitário em Parati, os pobres eram levados dentro dele até o cemitério, sendo enterrados sem caixão. Finalmente, após ter-lhes sido assegurada uma indenização pelo caixote, concordaram em colocar o cadáver de novo dentro dele de modo que pudesse ser sepultado. Não sabemos o que teria levado o subdelegado de Parati a mandar o cadáver para cá; seria concordância com a intolerância do padre católico, ou a falta de local adequado, até mesmo a consideração para que o falecido descansasse entre os seus? De qualquer modo, o tratamento dado ao caso é censurável. Que o subdelegado providencie para casos como esse, no futuro, um local na freguesia local onde sejam sepultados os não-católicos, como já existe, por exemplo, em São Francisco e em Desterro, onde aliás aos não-católicos foi reservado o local mais bonito no cemitério local, ainda não sagrado católico (Kolonie Zeitung, 24/3/1866).

In:Böbel, Maria Thereza. e S.Thiago, Raquel . Joinville-Os Pioneiros – Documento e História.     Joinville: Ed.Univille,2001.

 
 
 

 APELIDOS EM FRANCISCO DO SUL

 

Vezo que de maneira pouco recomendável tem popularizado os moradores das plagas desta formosa Babitonga, terra de Maria José Cardoso, terra de nascimento de Maria José Cardoso, a linda miss Brasil de 1956, é sem dúvida o de apelidar.

Este feio e antiquíssimo costume, profundamente arraigado entre nós, desde priscas eras, converteu-se em apreciado passatempo que o povo muito gostava.Via de regra originava-se de costumes, ditos cacoetes, defeitos ou particularidades ou outra qualquer, notados no próximo. Após paciente observação e às vezes, mesmo, demorado estudo, ‘botavam o apelido , sempre com muita precisão, inteligência e principalmente espírito. Ao contrário do que geralmente acontece,poucos casos remontavam aos sempre lembrados tempos dos bancos escolares.

Muitas pessoas e até famílias, tornaram-se temíveis, devido a este hábito. Em nossos dias ainda persiste, embora de modo geral, entre as classes operárias, que dele usando e abusando as mantém em constante brincadeira e galhofa com que tentam suavizar em parte, as agruras do seu trabalho diário.

O mais velho apelido de que temos notícia, vem da época da fundação do vilarejp, quando foi imposto o terrível e ferrabraz o capitão-mor , o de Cabecinhas.

Entre muitos de outrora, pertencentes, portanto, à velha guarda e que ainda alcançamos, relembramos: Marcapasso, Ingá, Tigitica, Caetê, Betara, Pistola, Cebola, Abuto, Trinta e Um, Fumega, Pé Leve, Brasa Viva, Chapéu Cheio, Corruira, Bilontra, Pechincha, Pachola, Saíra, Balula e mais uma infinidade deles.

Existiam também os que podiam classificar de – apelidos profissionias – oriundos do emprego ou profissão pelos mesmos exercidos. Estes atualmente são escassos. Assim, tínhamos: Agostinho – remeiro; Inácio – ferreiro; Manoel – foguista; Zé-da-máquina; Mané calafate; Antônio – latoeiro; João – curtidor; Joaquim – abelheiro; João tesoureiro - ; Joaquim – carpinteiro; Juca- sacristão; José – violão; Rufino – coveiro e outros.

Hoje é ainda comum aqui, para identificar certas pessoas, perguntar pelo apelido. Fato deveras curioso e original, dava-se com as alcunhas nestas plagas antigamente dominavam os carijó. Com o correr dos anos, muitos foram incorporados e passaram a ser usados como sobrenomes. Unidos ao nome de batismo, formavam o de família! Assim aconteceu com diversas, da mais autêntica cepa francisquense, que ligaram ao seu patronímico, apelidos de que eram portadores seus pais e avós. Citaremos as mais conhecidas: os Rodrigues da Cunha que juntaram – Bompeixe; os Oliveira – Quati; os Gomes – Raposo; os Gonçaves – Graxa; os Oliveira – Bronze; os Vales – Milhares; os Silva – Lustre; os Rodrigues – Cravo; e mais algumas, troncos de numerosa e respeitável descendência.

Seus familiares até os nossos dias ainda os conservam e desta maneira assinam, pois publicamente os aceitaram e legalizaram, num preito assaz justo de reverência e memória aos ancestrais.

Tão pitoresco costume enriquece nosso tradicionalismo, legado irreverente da ironia da nossa terra.

Octávio da Silveira,Fevereiro de 1958.

Fonte: Museu Histórico de São Francisco do Sul.

 

 

Folclore político ( Joinville)

  Henrique Meyer foi candidato a prefeito nos anos 50. Naquela época, sem televisão, os candidatos se comunicavam diretamente com o povo nos famosos comícios. Num desses comícios , agradecendo a participação de uma das suas correligionárias mais atuantes, moradora na região ( ou zona) onde estava ocorrendo o comício , na Procópio Gomes,  Henrique Meyer teria assim se expressado : “Gostaria de agradecer a colaboração dessa mulher aqui da zona .... “ . dizem que esta senhora abandonou o comício chorando e voltou para casa.

Conta-se ainda que os discursos de Henrique Meyer eram escritos por Tupy Barreto, delegado de polícia de Joinville e pai do futuro político Jaison Barreto. Num dos comícios, à noite, com uma iluminação sofrível, Henrique Meyer começou  seu discurso: “Meus ca-ros....cor-re-li-gio-ná...rios. E então , interrompendo a leitura , falou: Puxa , Tupy Barreto como tu escreve pequenininho!

 

 “Dizem” que Henrique Meyer compareceu a um dos seus comícios sem a companhia da esposa, que estava acamada, sob cuidados médicos. Tentando justificar a ausência da esposa, assim referiu em pleno comício: “Minha mulher não pode estar hoje aqui comigo porque ela está na cama com o médico ( para o riso geral dos presentes, segundo se conta).


Diligências


 

“ em meio a todos esses acontecimentos, chega a primeira Diligência da empresa do Sr. Monich, em viagem direta de Curitiba a Joinville, a 16 de abril (1892), sendo recebida festivamente. Levou o veículo, lotado com três passageiros e mais a mala postal , 7 dias e meio de viagem”

“ A “Empresa de Diligências” do Sr. Monich aumentou as passagens Joinville -  São Bento para 6$000 ( ida e volta 11$000) alegando o alto preço do milho. Carlos Ficker, História de Joinville, 1965,p.340/341 


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Cheiro de todo ano .Sobre a firma do Sr. Plotow, encarregada de limpar privadas de cubo .

“Não existe em Joinville homem mais zeloso do que o Sr. Plotow. Ainda anteontem, a rua Conselheiro Mafra( atual Abdon Batista) recebeu ‘festiva visita’ de três carros de meia – noite , com toda a sua carga infernal “. Isto porque fizeram o tal serviço às 21 horas. Jornal “ A Notícia” , Joinville, 1926.

 

Declaração – Declaro que entre mim e o  Dr. Carlos Kohler não houve questões nenhumas e continuaremos como      amigos. Joinville, 6 de janeiro de 1927.

Carlos Klein

A Notícia, 8 de janeiro de 1927,p.4


De quem é a cabra? – Aviso ao legítimo dono que venha buscar uma cabra que veio parar em minha chácara já há quatro dias.

Francisco Passerino

A Notícia , 15 de janeiro  de 1927, p.6


Evadio-se – uma novilha de cor moreno-claro. Quem pode dar notícias d’ella dirija-se ao Snr. Crispim Antonio de Oliveira Mira, na rua do Porto d’esta cidade. Gazeta de Joinville, 6 de novembro de 1877.


Attenção! O abaixo assignado faz público que , d’esta data em diante, só cederá medicamentos “homeopathicos” à quellas pessoas que têm sido pontuais na retribuição.

S.Francisco, 1º de janeiro de 1878

Augusto C. da Fonseca Ozorio

Gazeta de Joinville, 8 de janeiro de 1878

 Pioneiros I

ANÚNCIOS A todos os amigos e conhecidos a notícia muito consternadora de que no dia 19 p.p. minha querida esposa deu à luz a um robusto garoto, dotado de excelentes pulmões. Como dessa maneira se completa a primeira meia-dúzia, creio ter direito a pedir a todos os sentidos pêsames. Profundamente consternado, Ed. Krisch. Pioneiros I

N.B. Esse acréscimo de forças consumidoras obriga-me a comprar mais algumas centenas de fardos de milho (em forma de mingau). Peço que as ofertas nesse sentido sejam-me encaminhadas diretamente (Kolonie Zeitung, 22/2/1873).p.406  Pioneiros I

 Anúncios. A quem interessar possa. Não sou nenhum cavalo, ainda tenho condições de comprar meus próprios cavalos, não subi nenhuma escada de onde tenha caído e nunca fui procurado pela polícia. Estrada Itinga. Johann Bauer – Kolonie Zeitung, 11/11/98 p.113  Pioneiros I

Anúncios. Por meio deste, levo ao conhecimento de todos que meu filho, Anton Mommsen, abandonou-se traiçoeiramente e peço aos comerciantes que não lhe emprestem nada em meu nome, visto que não assumo a responsabilidade. Christian Mommsen. Kolonie Zeitung, 28/5/1881.p.140  Pioneiros I

Anúncios. Aviso! Por intermédio deste aviso a todos que tomem cuidado com os animais que me roubaram grande parte da plantação de aipim em meu terreno, na Estrada Parati. Parecem ser animais bastante diferentes que os roedores comuns, visto usarem saltos nos pés, como mostram as pegadas, e porque as raízes de aipim não foram roídas, mas cortadas com enxada, foice ou espada. E para conhecer melhor esses estranhos animais, ou se possível capturá-los, coloquei alçapremas e armadilhas no citado terreno, o que levo aqui ao conhecimento de todos. Joinville, 3 de novembro de 1880. Christian Lüders . Kolonie Zeitung, 13/11/1880 p. 162. Pioneiros I

Anúncios. A quem interessar possa. Não sou nenhum cavalo, ainda tenho condições de comprar meus próprios cavalos, não subi nenhuma escada de onde tenha caído e nunca fui procurado pela polícia. Estrada Itinga. Johann Bauer – Kolonie Zeitung, 11/11/98 p.113,  Pioneiros I

Anúncios. Por meio deste, levo ao conhecimento de todos que meu filho, Anton Mommsen, abandonou-me traiçoeiramente e peço aos comerciantes que não lhe emprestem nada em meu nome, visto que não assumo a responsabilidade. Christian Mommsen. Kolonie Zeitung, 28/5/1881.p.140,  Pioneiros I

Anúncios. Aviso! Por intermédio deste aviso a todos que tomem cuidado com os animais que me roubaram grande parte da plantação de aipim em meu terreno, na Estrada Parati. Parecem ser animais bastante diferentes que os roedores comuns, visto usarem saltos nos pés, como mostram as pegadas, e porque as raízes de aipim não foram roídas, mas cortadas com enxada, foice ou espada. E para conhecer melhor esses estranhos animais, ou se possível capturá-los, coloquei alçapremas e armadilhas no citado terreno, o que levo aqui ao conhecimento de todos. Joinville, 3 de novembro de 1880. Christian Lüders . Kolonie Zeitung, 13/11/1880 p. 162. Pioneiros I

 



[1] Herrhunt- comunidade da cidade de Bautzen, na Saxônia, onde em 1722 foi fundada uma irmandade religiosa conhecida  como Herrhunter. Seus seguidores são numerosos nos Estados Unidos e Na Austrália , entre outros .